Tropeirismo A

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  descoberta de ouro nas Minas Gerais definiu o destino do sul do Brasil. Por medida de segurança e possíveis desvios da produção, a Coroa Portuguesa proibiu a circulação das Minas em direção ao norte, determinando, por um decreto de 1704, que todo o suprimento de gado de corte e muares para transporte fosse buscado nas capitanias do sul. Havia grande quantidade desses animais nos campos do Continente de São Pedro, justificando a abertura de um caminho terrestre, em 1730, chamado Caminho ou Estrada Real do Viamão, do Sul até Sorocaba, em São Paulo, onde o gado era negociado em uma grande feira anual. Nos campos existentes entre esses extremos seriam distribuídas grandes propriedades para formação de currais, proporcionando pontos de apoio aos viajantes no longo trajeto de cerca de dois mil quilômetros, com centenas de animais em marcha por sertões povoados de índios, jaguares e todo tipo de imprevistos.

     Os campos do Paraná eram ideais para as invernadas, onde os animais paravam por três ou quatro semanas para descanso e engorda, antes da apresentação na feira de Sorocaba.  Grande parte dos donos de terras e criadores de gado do planalto paranaense passou a se ocupar do aluguel dos pastos e do próprio comércio de animais, tornando-se também tropeiros.

     O tropeiro propriamente dito era o dono da tropa, o realizador dos negócios. Podia ter um ou mais sócios e, nas viagens, no caso de sua ausência, um capataz era contratado para o comando. Os peões executavam as inúmeras tarefas, como as funções de cozinheiro, madrinheiro, arrieiro, tocador ou tangedor. Nas paradas para o pernoite surgiam os “pousos” cuja distância de um a outro correspondia a um dia de viagem.

     Nesses locais de paragem foram se organizando atividades de suporte aos tropeiros, desde a produção de gêneros alimentícios até os serviços de utilidade das tropas, como ferrarias e selarias. Os pousos foram se tornando povoados e vilas, que deram origem aos atuais municípios de Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Balsa Nova, São Luiz do Purunã, Palmeira, Ponta Grossa, Carambeí, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva e Sengés. O incremento da atividade econômica promoveu também a efetiva ocupação do território. Formou-se, nos Campos Gerais, uma sociedade marcada por tradições e costumes campeiros.

     A casa onde se instalou o Museu do Tropeiro, em Castro, foi construída no século XVIII, pela família Carneiro Lobo. Em 1975, o imóvel foi adquirido pela prefeitura e submetido à restauração mediante orientação da Coordenação do Patrimônio Cultural do Estado do Paraná.

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