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rio Tibagi nasce nas encostas da Serra das Almas, no município de Palmeira, a 1.100 metros de altitude, e deságua no rio Paranapanema a 298 metros de altitude, percorrendo cerca de 550 quilômetros. Atualmente seu curso termina nas águas da Represa de Capivara, da usina hidrelétrica construída pela Companhia Energética de São Paulo (CESP). No seu alto curso, que se desenvolve em plenos Campos Gerais, o rio Tibagi recebe, em sua margem direita, os rios Cajuru, Guabiroba, Cará-Cará, Ronda, Taquari, das Conchas, Pitangui, Iapó. Os rios Quero-Quero, Pugas, Caniú, Santa Rita, Guaraúna, Imbituva, Bitumirim, Capivari e Imbaú são afluentes da margem esquerda.
Em alguns trechos o alto Tibagi apresenta seu leito em cânion. No trecho navegável, a largura do rio varia de 100 a 900 metros. Na sua foz, antes da Represa de Capivara, a largura era de 2.055 metros e a profundidade no talweg de 2,48. O Tibagi apresenta um substrato bastante irregular, com caldeirões e panelas formadas pelo desgaste erosivo das águas. Eventualmente é cortado por diques de diabásio, rocha de origem vulcânica que preenche fraturas. Esses diques estão associados às inúmeras corredeiras ao longo do rio.
Numa terra há milênios percorrida por populações indígenas, depois ocupada pelos espanhóis e palco de reduções jesuíticas, com inúmeras rotas terrestres e fluviais intensamente trilhadas e navegadas, surgiu a povoação de Tibagi, que adotou o nome do lendário rio que atravessa os Campos Gerais no sentido sul-norte. Mineradores e aventureiros, atraídos pelas notícias de um rio de diamantes, permaneciam acampados em suas margens, esperando o tempo em que as águas baixassem permitindo o garimpo. Formavam roças para o sustento, criavam animais, construíam ranchos de pau-a-pique. A Serra da Pedra Branca era sua principal referência. No século XVIII ali foram mantidas duas guardas, visando o controle das minas e a defesa contra os índios. A primeira, que permaneceu acampada na foz do Capivari até 1765, passou a ser denominada Guarda Velha, quando foi criado o Porto de São Bento, para a segurança das expedições militares de Afonso Botelho.
Quando foi dada a posse daquelas terras a Antonio Machado Ribeiro, em 1794, a área foi identificada como Paragem Pedra Branca e Guarda Velha. Machadinho, como ficou conhecido, tinha sido o braço direito do Coronel José Felix da Silva, da Fazenda Fortaleza, nos combates contra os índios. Instalou-se, com sua família, no local onde já havia alguns ranchos de mineradores e onde atualmente está situada a cidade de Tibagi. Na outra margem do rio ficavam as fazendas do tenente José Gonçalves Guimarães (Fazenda Guartelá) e do tenente Coronel Balduíno de Almeida Taques (Fazenda Igreja Velha).
Em 1833 foi criado o Segundo Distrito da Vila de Castro, sob a denominação de Guartelá, sendo nomeado um juiz de paz para atender aos conflitos da região. Dois anos depois, no dia 9 de janeiro de 1835, Manoel das Dores Machado (filho e herdeiro de Machadinho) fez a doação de um terreno para edificação de uma capela consagrada a Nossa Senhora dos Remédios. Era sua intenção que todo o terreno ao redor da ermida fosse preenchido por ruas e casas daqueles que aí quisessem se estabelecer. Em 1836 ficava pronta a Capela Curada, uma construção rústica de madeira, contendo uma imagem da santa padroeira em barro.
Alguns anos depois, por intermédio do Barão de Antonina, foi contratado o topógrafo e agrimensor John Henri Elliot para definir a disposição das ruas e logradouros. Elliot desenhou quadras residenciais de 110 metros x 110 metros, com dez lotes em cada uma, separadas por ruas paralelas de 12 metros de largura. Diferenciou as quadras comerciais, que teriam metade do tamanho daquelas, ladeando a rua principal que cruzava o rio Tibagi em direção à igreja, aproveitando a rota tradicional dos moradores da região.
Em 1846 foi criada a Freguesia de Nossa Senhora dos Remédios de Tibagi, no município de Castro. Em 1872 a freguesia foi elevada à categoria de vila e em 1897 à categoria de cidade.
O nome Tibagi deriva do idioma tupi. Uma das acepções aceitas para “tibagi” é “rio do pouso”. Por outro lado, um estudo realizado pelo pesquisador Edmundo Alberto Mercer concluiu que o termo significa “rio de muitas cachoeiras”, ou “rio de corredeiras”. Já o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire o traduziu por "feitoria de machado" (tiba = "feitoria", e ji = "machado"). Cabe considerar que uma das maneiras de atrair os índios para as reduções era a distribuição de machados de ferro. O machado de pedra era instrumento essencial na cultura guarani, para as atividades agrícolas e construção de canoas. A oferta dos padres jesuítas trazia uma grande vantagem àqueles que se aproximavam das reduções. Pode haver uma correlação entre esse costume e a interpretação de Saint-Hilaire em 1820.