Sertões do Tibagi A

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 té meados do século XVIII, uma vasta região ao sul do rio Paranapanema, incluindo a totalidade do Segundo e do Terceiro Planaltos paranaenses, era chamada de “sertões do Tibagi”.  O termo “sertão” designava uma área desconhecida, ainda não explorada. O vocábulo Tibagi evocava sempre minas de ouro e diamantes, e essa possibilidade facilitava o recrutamento para as expedições de reconhecimento. Estava em vigor o princípio do uti possidetis: a posse do território era de quem o povoasse.

     Com o propósito de se estabelecer vias de comunicação com as colônias de Sacramento e do Iguatemi, no Mato Grosso, para assim garantir o domínio português do território, o governador da capitania de São Paulo, D. Luís Antonio de Souza Botelho Mourão, o Morgado de Mateus, promoveu uma série de expedições pelos sertões do Tibagi entre 1768 e 1773. Comandadas por Afonso Botelho de Sampaio e Souza, com homens recrutados entre os povoadores das vilas e fazendas da região, as entradas eram muito bem planejadas. Pelo caminho, onde se fizessem paradas deveriam ser feitas roças, e nos campos encontrados deveriam pôr fogo, sinalizando a passagem da expedição e preparando o terreno para futuras povoações.

     Nos lugares mais notáveis deveriam ser deixadas marcas (“Viva El-Rei de Portugal”) traçadas em paredões de rocha ou em grandes árvores, e fazê-las constar nos roteiros, para serem localizadas posteriormente. As principais fazendas tornaram-se fornecedoras de animais de transporte e de gêneros alimentícios necessários à manutenção dos grupos. No Porto de São Bento, no rio Tibagi, foi montada uma guarda permanente para garantir a segurança e o abastecimento das tropas que dali partiam em direção ao rio Ivaí, ao rio Paraná e ao Mato Grosso. No rio Iguaçu outros locais serviram de apoio para as expedições, como o Porto de Nossa Senhora da Conceição de Caiacanga. As expedições resultaram nos mapas “Planta do Sertão de Tibagi Que Se Acha Descoberto” (1769) e “Carta Corografica dos dous Certoens de Tibagi e Ivay novamente descobertos” pelas ordens e instruções de D. Luiz Antonio de Souza governador e capitão general de São Paulo anno 1770”.

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