clique na foto para ampliar
as formações rochosas dos Campos Gerais, em que a ação dos agentes modificadores do relevo (como chuva, vento e calor) formou abrigos, podem ser vistos exemplos de arte rupestre, pinturas executadas à base de pigmentos minerais e substâncias de origem orgânica, animal ou vegetal. As cores mais utilizadas foram o vermelho e o marrom, produzidas a partir de fragmentos de hematita (óxido de ferro) triturados.
As pinturas ocorrem em forma de painéis ou figuras isoladas, no teto e nas paredes, em locais acessíveis ou em recônditos de difícil aproximação. As imagens apresentam-se de duas formas bem características: uma com temática naturalista, enfocando animais, e outra com tendência geométrica, em que predominam círculos, traços e pontilhados. No primeiro caso são comuns as figuras de cervídeos, porcos-do-mato, capivaras, graxains, cobras e aves. Há representações de armadilhas relacionadas às atividades de caça. Figuras humanas raramente aparecem.
As pinturas são atribuídas a uma população de caçadores nômades que, desde cerca de 4.000 anos, utilizavam os campos em excursões sazonais, com finalidades de caça, pesca e coleta de frutos e outros produtos naturais. A região apresentava inúmeros recursos de subsistência. A caça e a pesca eram abundantes, em virtude da grande rede hidrográfica e dos diferentes ambientes de concentração da vida animal, como os capões e matas de galeria. Frutas silvestres como pitanga, jerivá, guabiroba e araçá, pinhão (semente da araucária), mel de abelhas e larvas deviam fazer parte da dieta alimentar desses grupos humanos. Nesses locais também se coletavam fibras vegetais, resinas, provavelmente plantas medicinais e pigmentos.
Foram localizados, até o momento, cerca de 70 abrigos com pinturas rupestres, nos municípios de Piraí do Sul, Ponta Grossa, Tibagi, Ventania, Sengés e Jaguariaíva.