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s fazendas históricas dos Campos Gerais são remanescentes de antigas sesmarias, em áreas diminuídas pelo sucessivo fracionamento das terras por herança, venda e doação através dos tempos. As fazendas mantinham, em geral, onde ficava a sede, o nome anterior que identificava a área, como Cambiju, Pitangui, Carambeí, Morungava, Jaguariaíva, Furnas, Fortaleza, Vorá, Boa Vista, Guartelá, Montenegro, Cunhaporanga, Fundão, Caxambu, São João, Lago, Santa Cruz.
Nos primeiros tempos os proprietários continuavam morando nas vilas, delegando poderes a um capataz ou feitor. O termo “fazendeiro” designava o responsável pela administração da fazenda. Todo o serviço, nas roças ou na criação, era feito por escravos negros e também pelos “administrados” indígenas. Já no século XIX as famílias, procedentes principalmente de São Paulo, Santos, Curitiba e Paranaguá, passaram a viver na propriedade. É desse período a construção das casas principais, mais sólidas e confortáveis, em cujo entorno ficavam as moradas dos escravos, libertos e agregados.
A fazenda era uma unidade praticamente autônoma, onde se produzia todo o necessário para a alimentação, vestuário, construção, mobiliário e ferramentas de trabalho. Alguns escravos eram especializados em serviços como os de ferreiro, carpinteiro, seleiro, curtidor e artesão de couro, essenciais para a confecção de implementos e artefatos, assim como na fiação e tecelagem de lã de carneiro para os tecidos e cobertores. O peso maior do trabalho na fazenda estava na atividade com o gado, que incluía doma, marcação, castração, fornecimento de sal, reunião nos currais. No final do inverno eram feitas queimadas nos trechos de pastagens, a fim de acelerar o rebrote da vegetação e proporcionar capim verde e tenro aos animais.
A criação estava concentrada no gado vacum, mas havia, para utilização e consumo interno da fazenda, a de cavalos, ovelhas, carneiros e porcos. A criação de muares, principal negócio na feira de Sorocaba, deveria ser exclusividade das estâncias do Sul do país, medida determinada pelo Governador de São Paulo, Morgado de Matheus (1765-1775), para estimular o assentamento de famílias e garantir a ocupação e a defesa do território das pretensões espanholas.
As fazendas eram também incumbidas de fornecer mantimentos e animais de carga e montaria aos exércitos que se organizavam para atender aos conflitos na região fronteiriça das posses de Portugal e Espanha.